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IDAHOBOYS
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Sinopse
Carolino TV disse que compraria as flores ela mesmo. Isto mesmo. Respirava literatura duvidosa e lirismo feminino ( tanta Virginia Woolf nunca fez bem ao coração, isso ela gostava de dizer). Amava os momentos de breve lucidez onde sentia os dedinhos do pé roçarem o finzinho das cobertas (nesses dias de frio onde não se deseja nada além dos dedinhos do pé no finzinho das cobertas), e amava o cheiro do orvalho pela manhã, e o gosto das paçocas enlatadas, e o áspero-rugoso do tapete da vó. Nasceu condenada. Seu nome, altivo, em letras escarlates: TV. Alguns disseram, bem depois do desenrolar de toda história, disseram ressonantes em coro semi-profético: nasceu amaldiçoada a jovem TV. Desde o parto serena sacolejava seu caminho ao mundo ao som de jingles malfeitos e
comerciais de calcinha. Não tinha jeito. Era sangue fraterno, sangue sujo e laborioso de família cinéfila-judicial. Fardo desses dificílimos de carregar. Não se tornava TV, se nascia TV (disso bem entendia a menina). Era, por azar e destino, Carolino. Era, por ócio e lazer, TV. Carolino, Carolino TV
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